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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Lente das Lembranças

Hoje conversava com uma pessoa que, além de vivida, é uma grande pessoa para conversas esporádicas sobre os mais variados assuntos e observações sobre a vida. De nome Cláudio, mas conhecido por todos como Sr. Claudino, é um senhor inteligente e espirituoso, capaz de, junto de alguém que esteja disposto, desmembrar qualquer assunto até chegar ao seu denominador comum. Conversávamos sobre um tema que gosto de ter em minha boca tanto como assunto quanto para beber: Cafés! Enquanto discorríamos em nossa conversa, lembrei-me de um café que bebi quando pequeno, por volta dos meus 6 ou 7 anos, quando numa viagem ao Paraná a um tio que há muito não tenho o prazer de ver, o tio Dirceu. Lembro que, por alguma razão, aquele café ficou gravado no meu pré-consciente. Não sei se a maneira como foi feito o café (que não tenho a mínima ideia de como, desde que estava em tão tenra idade) ou o leite tirado havia pouco da vaca, que fazia parte de sua composição... Enfim, qualquer tentativa será inútil. Mas aqui acredito que esteja a "pegadinha", a peça pregada não por alguém de carne e osso, mas por um agente eterno: O tempo! Quando olhamos um fato que ocorreu há anos, parece que aquilo aconteceu envolto por uma moldura dourada, como se tudo fosse mais doce ou mais macio. É engraçado como não vemos alguém dizendo que a música de hoje em dia, por exemplo, é melhor do que a que se ouvia "no seu tempo", já que curiosamente sempre será melhor o oposto disso, como se não houvessem músicas boas ou ruins em qualquer época. Aqui podemos notar o efeito do que chamo de "lentes das lembranças", pois em qualquer mente as memórias da infância são melhores, e não me deterei apenas à infância, mas estendo isso a qualquer lembrança que, de alguma maneira, tenha nos marcado, e a cada ano que passa isso ficará melhor, pois a distância que o tempo nos afastará do fato apenas o tornará cada vez mais romântico, e até mesmo irá gerar pequenos detalhes que nunca existiram e, em contrapartida, anulará outros desagradáveis que queremos omitir, é claro que isso dependerá da situação, desde que a nossa mente é seletiva. Fechando o assunto, se bebesse aquele café hoje de repente não tivesse o mesmo incrível sabor, mas, de qualquer maneira, nunca saberemos.

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