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sábado, 17 de agosto de 2013

Imprensa: Contraste entre Séculos XVIII e XXI


Neste momento, dentre vários livros acadêmicos, leio "Dos Delitos e das Penas" de Cesare Beccaria. Analisando essa bela obra, posso vislumbrar várias mudanças que ocorreram desde o século XVIII até hoje (e é preciso mencionar que o escritor não errou em suas sentenças, mas que de fato a sociedade mudou de lá para cá).

É claro que todas as mudanças percebidas no contexto do livro poderiam render vários posts, então vamos por partes. Neste momento, quero falar sobre o seguinte trecho:



"Pois aí se observa, do mesmo modo, a utilidade da imprensa, que pode, ela somente, fazer todo o público, e não apenas alguns particulares, depositário do sagrado código das leis.
A imprensa dissipou esse tenebroso espírito de cabala e de intrigas, que não suporta a luz e finge desprezar as ciências somente porque secretamente as teme.
Se atualmente, na Europa, são em menor número esses crimes horrendos que assombravam nossos pais, se deixamos finalmente esse estado de barbárie que fazia de nossos antepassados ora escravos ora tiranos, à imprensa o devemos." (p. 23)

Admiro muito essa obra e ressalto que Beccaria não estava errado, mas é patente o contraste entre o papel da imprensa apontado pelo escritor no século XVIII e o papel desempenhando pelo mesmo meio nos dias atuais.
Se naquele momento histórico a mídia teve o papel de elucidar à população o que estava envolto em uma cortina de mistério e ignorância, hoje o mesmo meio evoluiu. Descobriu que poderia ir além de apenas ser o meio de trazer o conhecimento: Poderia inclusive moldar aquilo que deseja que as massas acreditem!

Não é preciso crer em teorias de conspiração ou algo parecido para ver que a mídia hoje se tornou uma ferramenta de criação de opinião, criando heróis e vilões - e as vezes de maneira bem nítida, como se quisesse rir de nossas caras - conforme o seu gosto - ou interesses de quem está no poder.

Infelizmente podemos perceber essa mudança - não posso chamar isso de evolução -, onde uma ferramenta que outrora foi um meio de esclarecimento se torna em mais uma que gera apenas mais dúvidas. Cabe a nós estarmos cada vez mais de olhos bem abertos, pois não parece haver muitos amigos nos dias atuais.

domingo, 11 de agosto de 2013

Doutor Idiota


Embora declaradamente eu deteste a mídia e o poder de manipulação exercido por ela (fora a futilidade que por esse meio é difundida), é preciso ver o que acontece pelo mundo - é claro que sob uma análise muito ferrenha -, sob o risco de, simplesmente me excluindo de tudo, me tornar um total alienado.

Nessa atividade, estava vendo algumas notícias e me dei conta de algo: Quantas besteiras são ditas por pessoas que, teoricamente, deveriam ter uma ótica diferenciada, já que tiveram a oportunidade de ter seus  horizontes alargados. Me refiro aos doutores. Não falo de todos, é claro, afinal generalizar nunca é um meio que realmente gere algum resultado. Mas acompanhe o silogismo a seguir.

Não sei se isso impressiona alguém, mas apenas dizer que "doutor fulano" disse algo não me convencerá que suas palavras valem alguma coisa! É preciso muito mais do que títulos para que palavras ou ideias se tornem verdadeiras ou convincentes. Besteiras não deixam de ser besteiras por ter se tornado oficiais ou por quê um doutor as disse! Se me é permitido dar um exemplo, uma das maiores barbáries da história, tida hoje como algo impossível de se imaginar sendo aceita, teve apoio constitucional, ou seja, foi algo positivado, oficial: Me refiro aqui ao nazismo. Acho que consegui esclarecer o grau do que quero dizer...

Há verdadeiros idiotas que esperam apenas adquirir um título para sair vomitando seus preconceitos ou ideias não pensadas.

O mais triste nisso tudo não é ver tanta besteira sendo dita, mas sim ver toda essa besteira sendo simplesmente engolida pela sociedade, que em sua maioria não questiona, não pondera, não reflete. A maioria da população simplesmente segue o ritmo do "rebanho", como se o rumo que a maioria seguisse fosse o lugar certo... Não quero dizer com isso que é preciso ser sempre do contra - embora eu esteja ficando desse jeito devido à demanda gerada pela sociedade -, mas que é preciso apenas pensar. Apenas o ato de receber a informação e processá-la já é algo de enorme valor, pois, infelizmente, vejo em alguns casos até mesmo aqueles que têm acesso ao conhecimento cedendo a ideias partidárias e ignorantes.

Entendo... É difícil pensar diferente, afinal a pressão vem de todos os lados, mas é necessário pensar... nada menos do que isso!

Como diria um escritor que admiro, "vamos estocar comida", pois cada vez mais parece ser o fim dos tempos...

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Opinião


Os círculos sociais se formam geralmente de maneira involuntária devido a afinidade entre seus integrantes. Essa sentença não se discute, afinal é algo extremamente lógico. Mas, dentro desse contexto, surge uma espécie de convenção, algo como um contrato social silencioso onde, "para que eu seja aceito, e visto com bons olhos pelos meus 'pares', preciso pensar igual, extremamente igual, e proclamar em uníssono a opinião de todos!"

Isso é uma coisa estranha pois, as pessoas esperam que, por que você anda com elas, ou frequenta os mesmos lugares, você seja uma réplica exata do que elas são.

Posso citar alguns exemplos disso, experiências que, com certeza, todos já viveram ou viram em algum momento.

Dia desses conversava com alguns colegas da faculdade sobre professores pelos quais passamos. Alguns comentavam seus desprazeres com os mencionados docentes e, durante a conversa sobre um professor em especial, eu comentei: "Mas eu gostei das aulas dele!" Tal afirmação pareceu ser uma afronta ao colega que comigo conversava. Aquilo não mudava nada entre nós (pelo menos da minha parte), mas uma opinião diversa não pareceu ser bem recebida.

Ainda exemplificando, pessoas compram brigas com terceiros que não conhecem apenas devido a rixa que seus amigos já têm, ou seja, não criam a sua própria opinião, apenas seguem aquilo que a maioria, o senso comum faz.

Particularmente, eu prefiro travar as minhas próprias batalhas mas, infelizmente, percebe-se que as pessoas de modo geral não gostam de definir suas próprias opiniões, com receio que isso gere desconfortos ou a não aceitação do grupo.

A situação piora um pouco quando há um tirano no grupo, ou seja, aquele que parece ditar a "moda" (o que é aceito e o que não é aceito como "código de conduta" geral), e esse percebe a presença de pessoas que não defendem suas posições seja porque realmente não tenham uma definida, ou ainda porque receiam confrontar essa pessoa que parece ser o líder no bando.

Isso daria um belo estudo sociológico, mas por ora a intenção é mostrar que pessoas são diferentes e, consequentemente, possuem pensamentos e percepções diferentes, embora isso não signifique (e aqui está o "pulo do gato", a dificuldade em entender isso) que você seja inimigo da pessoa que pensa em oposição ou apenas de maneira divergente de você! Isso apenas significa que possuem visões diversas. O respeito é algo que sempre deverá haver. Seria um grande avanço se as pessoas começassem a analisar as coisas por esse prisma.